domingo, 20 de setembro de 2015

Santoro - O Homem e Sua Música


E por falar em Claudio Santoro, neste domingo, 20 de setembro de 2015, tem a exibição, dentro do 48o. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, do documentário de 85 minutos "Santoro - O Homem e Sua Música", direção do inglês John Howard Szerman. Trata-se do único documentário na competição de longas do festival, um dos mais apaixonados e longevos deste país.



 
 

O jornal "Correio Braziliense", edição deste domingo, 20/09/2015, estampa em seu caderno cultural um destaque para o filme, incluindo entrevista feita pela repórter Nahima Maciel com o diretor da película.

Por falar em entrevista, no dia em que este redator registrou a apresentação do pianista brasiliense Pablo Marquine, no auditório de Música da Universidade de Brasília (UnB), e objeto de postagem neste espaço, a viúva de Claudio Santoro, a coreógrafa Gisèle Santoro, gentilmente concordou em falar com este blog sobre o legado do compositor e maestro para a música e cultura brasileiras.

Gisèle Santoro (no meio) assiste à apresentação de Pablo Marquine, na UnB

Gisèle Santoro recebe de Pablo Marquine a partitura restaurada da Sonata 1942
Blog do Hektor – Claudio Santoro tem uma obra vasta e está por ser redescoberta. Esse trabalho feito pelo Pablo Marquine é apenas a ponta do iceberg?

Gisèle Santoro – Tem muita coisa inédita do Claudio por ser redescoberta. Ele costumava compor várias coisas ao mesmo tempo e deixava uma coisa misturada com outras. Na hora em que a gente começa a rever o material e a separar, achamos coisas que nem sabíamos que estavam lá (no acervo). O trabalho do Pablo é muito importante, pois resgata obras em parte desconhecidas e que são essenciais na concepção e na trajetória musical do Claudio Santoro. Para o Pablo, é uma grande descoberta e uma grande caminhada em seu crescimento musical, poder desvendar um compositor tão complexo. Estou imensamente feliz com essa iniciativa.

BH – Como tem sido a batalha de manter vivo o legado de Claudio Santoro?

GS – Como muitas coisas nesse país, não se dá o menor valor para o patrimônio imaterial. As pessoas parecem que esquecem que são os grandes compositores, os grandes filósofos, os grandes escritores que fazem a grandeza de um país. É um trabalho intelectual de alto nível que leva um país a se diferenciar dos outros. Não é pelo poderio militar, e nem pelo econômico.

BH – Temos notícias da grande dificuldade em manter o acervo de Claudio Santoro.

GS – O grande problema com o acervo é que nós não temos condições de cuidar devidamente. Toda essa parte de edição, de recuperação de manuscritos feitos à lápis, isso pode acabar se perdendo. Toda a obra eletroacústica feita em fita magnética, não tem partituras, isso está perdendo, pois precisam passar para mídias contemporâneas e nós não temos recursos para isso. Acho que elas ainda podem ser recuperadas, mas não se pode perder mais tempo sob o risco de elas ficarem inutilizadas. Na minha casa, infelizmente, não tenho as condições ideais de temperatura e umidade para a conservação desse material.

BH – Qual a dificuldade em fazer com que esse material esteja sob a guarda legal e apropriada em instituições que cuidam desse patrimônio?

GS – Pelo que me disse o Arquivo Público do Governo do Distrito Federal, a primeira etapa seria conseguir declaração de interesse público, para a obtenção de verbas. Esse material foi tombado pelo GDF, mas só o tombamento em si não se justifica como meio de obtenção de recursos para a conservação. Neste país, quando se cuida do patrimônio, cuida-se do patrimônio material, prédios, coisas venais. Uma música você não pode vender.

BH – E esses Prelúdios, que o Pablo tocou aqui, são muito lindos. Obviamente você os conheceu com o próprio Santoro tocando.

GS – São maravilhosos, né? Uma parte deles foi transformada em canções com letras do Vinicius de Moares e são as peças mais conhecidas da obra do Claudio, fora o ponteio para orquestra de cordas. Eles são pequenas obras primas. No meu entender, ali não se pode tirar nada e nem botar nada. Tudo é indispensável.

 
Caso você se encontre em Brasília na segunda-feira, 21 de setembro de 2015, aproveite a hora do almoço e busque alimento para a alma. Ele será oferecido na forma de um mini recital, com o pianista Pablo Marquine e a cantora peruana Milagros Magalhães derramando lirismo na interpretação das canções de amor de Claudio Santoro & Vinicius de Moraes. Detalhe: grátis e imperdível.
 
Alguns links importantes que deixaram de ser mencionados:
 
 
 

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