Aldous Huxley, em 1957 |
Neste ensaio, “O Resto É Silêncio”, Huxley abre, em palavras, uma das mais abrangentes possibilidades que a música representa para o espírito humano ao preconizar: “Depois do silêncio, aquilo que mais se aproxima de exprimir o inexprimível é a música” (“After silence that which comes nearest to expressing the inexpressible is music”).
Huxley desce ainda ao cerne do ato humano de ouvir, a experiência do ouvinte, que se vê elevado a outro patamar ao ficar exposto à mais maravilhosa música, ao lembrar que: “Nós ficamos grato ao artista, em especial ao músico, por ‘dizer com clareza o que sentimos, mas nunca fomos capazes de expressar’”.
De fato, como descrever a arte dos sons e seu poder de expressão, quer sejam nas peças instrumentais, quer sejam nas canções, que carregam em si forte carga comunicativa, uma vez que passam uma “mensagem” ao ouvinte e, portanto, direcionam o pensamento para o seu conteúdo? A evocação subjetiva da música se presta às mais variadas vontades humanas, dependendo da circunstância em que é utilizada.
ACDC: música para o bem, música para o mal |
Guantánamo: música como tortura |
No ensaio “Música na Noite”, Huxley relata a experiência de aleatoriamente tocar um disco, numa noite mediterrânea de junho sem luar. Aparentemente estava escuro e não dava para ver a escolha, na pilha de discos. O silêncio da noite é interrompido pelo “Benedictus”, da “Missa Solemnis”, de Beethoven. “É o equivalente da noite num outro modo de existência, como uma essência é o equivalente das flores, das quais ela é destilada”, compara o autor, ao tentar exprimir o inexprimível.
Huxley não fala qual gravação da Missa Solemnis foi tocada na escuridão |
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