Capital Inicial, em São Paulo (1985) |
Capital Inicial, em Nova Iorque (2015). Foto Rafael Kent |
Músicas de impacto, como “Que País É Esse?”, “Veraneio Vascaína”, “Baader-Meinhof Blues” e “Música Urbana” surgiram nesses dias em que o país ainda vivia sob o regime militar e, com os novos tempos, a nova década se desenrolando, a juventude de então buscava os catalisadores certos. Já não era Chico, nem Caetano, nem Gil quem espelhavam os anseios da meninada do início dos anos 80. De certa forma, foi a “tchurma” de Brasília que apresentou o pop-rock contemporâneo à juventude brasileira. Questão de linguagem, música e atitude. O resto é história.
Por falar em Capital Inicial, a banda volta à cidade, dia 29 de abril de 2016, no Net Live Brasília, desta vez para mostrar os sons que fazem parte do mais recente projeto intitulado “Acústico NYC”. Gravado em Nova Iorque, como o nome indica, trata-se de projeto que dá a medida do status que o grupo desfruta atualmente. Qual artista pode hoje embarcar para os Estados Unidos e gravar projeto audiovisual assim? Poucos. O Capital Inicial é um deles.
Fê Lemos, baterista do Capital Inicial e gerente do Hotel Básico |
Fê Lemos |
Fê Lemos – Eu vejo esse “Acústico NYC” como o encerramento de um ciclo que começou com o “Acústico MTV” (2000), que colocou o Capital nessa rota de sucesso, nos colocou de volta no mercado, trouxe uma legião inteira de novos fãs (os adolescentes da época) e fez renascer nos adultos, que conheceram a banda na juventude nos anos 80, o interesse pela banda. Essa foi uma tempestade perfeita: o disco “Acústico MTV” reuniu os pontos altos de nossa carreira, em um momento em que que esse produto era bem recebido pelo púbico. Foi um tsunami na nossa careira. A partir do Acústico, lançamos outros projetos, como o DVD ao vivo em Brasília; o DVD do Aborto Elétrico, além de discos de estúdio.
Capital Inicial, Acústico MTV (2000) |
FL – Sim, foi o que abriu as portas. Veio após a reunião da banda, em 1998. Passamos boa parte da década de 90 separados, mas nunca paramos. Tivemos outro cantor, o Murilo Lima, um rapaz de Santos e com ele gravamos dois discos. É importante dizer que o Capital nunca parou com a saída do Dinho Ouro Preto.
BH – Esse período foi meio conturbado para o grupo, não?
Murilo Lima |
BH – Que tipo de repertório o Capital Inicial privilegia atualmente? No “Acústico NYC” vocês abrem mão de coisas conhecidas, como “Veraneio Vascaína”, “Música Urbana”, “Fátima”, “Natasha” e “Independência”. O Aborto Elétrico virou uma coisa distante?
Renato Russo, Fê e Flávio Lemos |
New York, New York: Fê, Flávio, Yves Passarell e Dinho Ouro Preto |
FL – Sim, vão com essa expectativa. Mas particularmente tenho gostado de fazer um show, onde o núcleo forte é o DVD “Acústico NYC”. No bis a gente mata a vontade das pessoas.
Pré-Legião, pré-Capital: Aborto Elétrico mandando ver em Brasília |
Colina, Bloco A. Prédio residencial da Universidade de Brasília |
BH – E Brasília naquela época....
Brasília, anos 70 |
Brasília, anos 70: piscina de ondas |
BH – As pessoas seguem esse caminho, mas sem a força daqueles que estavam desbravando.
FL – É sempre assim. O que eu gostaria de estar vendo – o que de certa forma acontece – é a renovação. Brasília mostrou que é possível fazer uma música pop original, autêntica, que tem a ver com a vida das pessoas. Gostaria que isso continuasse. Gostaria de ver mais artistas e mais bandas, só que, aí, a gente entra no problema do Brasil. O país estava aberto para o rock naquela época, os anos 80; porém, hoje, o rock é apenas mais um dos elementos da cultura brasileira.
BH – Parece que não é mais o rock que faz a cabeçada meninada.
FL – Não é só em Brasília que isso acontece. É no Brasil todo.
Fê Lemos, man with the sticks |
Keith Moon (The Who) |
Bill Ward (Black Sabbath) |
Ian Paice (Deep Purple) |
John Bonham (Led Zeppelin) |
Neil Peart (Rush) |
FL – Gostava muito do Keith Moon. O The Who foi uma das bandas mais importantes da minha vida, eu ouvia muito quando era adolescente. Ouvi muito rock progressivo: Emerson, Lake & Palmer, Yes, King Crimson; Bill Bruford, baterista extraordinário. Adoro King Crimson. Peguei Black Sabbath, Bill Ward; Deep Purple, Ian Paice, o próprio John Bonham, enfim, toda essa escola dos anos 70. Gostava muito de Grand Funk Railroad. Quando comecei a tocar bateria, logo formei banda. Não fui aquele baterista que entrou no conservatório, para aprender todos os rudimentos, tipo aquele filme “Whiplash”, para me tornar o grande baterista. Não tive essa ambição. Minha ambição foi ter banda. Com 13, 14 anos, já estava tocando na Colina’s Band. Era eu, o Toninho Maia e o Davi Gueiros. A gente ficava fazendo umas jams embaixo do bloco A, da Colina, onde a gente ensaiava. Tocava uns blues, uns temas de heavy metal, que o Toninho Maia inventava na guitarra. Eu curtia tocar com os caras, meus amigos. Com 15 anos, mudei para a Inglaterra. Morei um ano lá, fiz até aulas de bateria em uma escola. Só que eu estava em um nível em que, o que a escola oferecia, era muito básico. O treinamento posterior, que seria entrar no mundo do jazz, os estudos de polirritmia, os estudos avançados de bateria, não era nessa escola que eu faria. Eu também não estava muito interessando nisso, porque eu tinha descoberto o punk rock. Eu estava ouvindo The Stooges, MC5, Sex Pistols, Ramones. Foi com essa bagagem que eu voltei da Inglaterra para o Brasil, em 1978, com a vontade de montar uma banda de punk rock.
BH – Você não queria tocar heavy metal, mas punk rock.
FL – Toda a minha história antes do punk virou um capítulo importante da minha vida, sons que eu adoro, mas não estava mais interessado em tocar que nem o Ian Paice, por exemplo, ou como o Neil Peart, do Rush. Quando formei a banda, minha intenção era criar repertório com o grupo e não ficar estudando os rudimentos e lendo partituras, querendo aprender a tocar jazz-rock, essas coisas. Meu foco não foi no aprendizado formal. Quando acabou o Aborto Elétrico, e formamos o Capital, continuei nesse caminho. Passei a escrever letras, o que virou algo muito importante na minha vida. E como baterista, o que eu queria era tocar com a banda. Não procurei uma educação avançada na bateria. Hoje, 40 anos depois, sim, gostaria de tocar jazz, saber mais, ter domínio de todos os ritmos brasileiros. Tenho um vocabulário limitado na bateria, mas acho que, para aquilo que me propus, fui bem-sucedido: ter uma banda, criar um repertório para ela, ter um estilo de tocar dentro dela.
BH – Você já gravou bateria em outros discos, com outros artistas, tirando o Aborto Elétrico e o Capital?
Carol Mendes e Fê Lemos: Hotel Básico |
FL – Não. Nunca fui convidado para participar de nenhum outro disco. Tenho o meu projeto-solo, o Hotel Básico.
BH – Por falar nisso, nesse você prioriza mais a eletrônica do que propriamente o uso da bateria?
FL – Priorizo a criação de canções. Uso o computador como um instrumento de composição, um instrumento harmônico.
BH – Toca teclado?
FL – Estudo piano há um ano e meio. Toco um pouco. Na verdade, meu estudo está meio truncado. Não tenho aquela dedicação de uma hora de estudos todos os dias. Não tenho conseguido fazer isso. Nos quatro anos em que preparei o segundo disco do Hotel Básico, o tempo livre era no estúdio, produzindo as canções, fazendo os arranjos, escolhendo os timbres, a mixagem, a construção da música em si; gosto muito disso, de partir de pequenas células rítmicas ou melódicas e criar uma canção inteira a partir disso. Só que isso leva tempo. Quero tocar piano, mas não quero ser concertista. Isso não tem cabimento a essa altura da minha vida. Mas eu sento ao piano e consigo tocar um blues, o que para mim é uma vitória. Entendo como se formam os acordes, as progressões, as noções de harmonia, isso era algo que eu não tinha. O Hotel Básico vem neste sentido: sou um compositor. O Capital Inicial deixou de ser o único caminho para eu expressar e registrar as minhas ideias musicais. Por isso, criei o Hotel Básico.
Flyer do lançamento do livro "Levadas e Quebradas" |
FL – Infelizmente, parei de escrever no blog. O blog virou um livro e desde então, eu parei de blogar. Lá se vão quatro anos. Mas escrevo letras, isso eu não paro de escrever. O disco novo do Hotel Básico tem letras minhas. Tem letras antigas e estou dando os primeiros passos rumo à produção do terceiro disco. Em resumo, tem boas novas letras por aí.
BH – No Capital você escrevia bastante letras, mas a gente vê muita coisa do Dinho e do Alvin L. Você tem muitas coisas guardadas e que se encaixam no perfil da banda?
FL – Na verdade, o Dinho sempre procurou parceiros com quem ele conseguisse produzir. Ele encontrou no Alvin um grande parceiro. O Alvin é uma pessoa extraordinária. Eles já fizeram várias músicas. O que aconteceu em todos esses anos, é que o Dinho passou a procurar fora da banda os parceiros para trabalhar com ele. Agora ele está trabalhando com o Tiago Castanho. Isso é uma particularidade do Dinho, temos que respeitar, pois esta é a forma que ele encontrou para compor e criar. Como ele é o cantor, ele escolhe o que quer cantar, da mesma forma que eu escolho a bateria em que eu quero tocar. Quem traz a canção é ele. Acho que o Capital Inicial dos anos 80 é mais “rico”, porque tinha mais diversidade de compositores. As ideias vinham de vários lados. Eu escrevia, o Dinho escrevia, Bozzo Barreti escrevia; Loro fazia a música; o Flávio fazia a música; Bozzo fazia músicas. Eu cheguei a fazer músicas no começo do meu romance com a música eletrônica. Hoje, o Capital tem só um compositor, que é o Ouro Preto.
BH – No disco Gigante, de 2004, vocês gravaram "Sem Cansar", versão para “C’est Comme Ça”, da banda francesa Les Rita Mitsouko. De quem foi essa ideia?
FL – Foi ideia do Dinho. Ele sempre gostou de procurar músicas para a gente fazer versões. Gosto muito de Les Rita Mitsouko. Na época, o Dinho achava que seria uma coisa legal a gente apresentar essa versão. A gente já tinha feito “O Passageiro” (“The Passenger”, Iggy Pop). Fizemos também “A Sua Maneira”, que é uma versão de uma canção da (banda argentina) Soda Stereo. Mas, repito, isso foi uma coisa do Dinho Ouro Preto, eu prefiro me dedicar às composições próprias.
BH – Vocês fariam um disco só com covers?
FL – No momento, não faria. Não tenho interesse. Talvez o Capital abraçasse um projeto assim. Nós temos muitas covers em nosso repertório. A gente até podia juntar tudo isso em um disco só.
BH – Vocês gravaram até Mutantes, hein?
FL – Sim, é verdade, “2001”, no disco “Todos os Lados”, de 1989. Mas veja: atualmente eu quero é continuar compondo. Essa é a prioridade que o Hotel Básico está me permitindo. Tenho pensado no novo disco. Gostaria que o Hotel Básico ficasse mais conhecido. Gostaria de estar associado a um selo que me ajudasse na divulgação, mas por enquanto estou fazendo tudo sozinho. Trabalho com um canal de distribuição, mas é muito difícil vender disco hoje em dia. As lojas não estão comprando mais.
BH – Ninguém mais quer música em meio físico?
FL – Só o fã. O fã gosta de ter, ele compra. O consumidor aleatório, não. Ele baixa uma música, escuta no Spotify, quando muito, compra no iTunes, nos serviços de streaming.
BH – “Amor Vagabundo” já é segundo disco do Hotel Básico.
FL – Isso. O primeiro foi lançado há dez anos e se chamava “Fê Lemos – Hotel Básico”. Com o passar dos anos, Hotel Básico virou o nome do projeto. Agora tudo é Hotel Básico. Até o email é Hotel Básico, o Twitter é Hotel Básico.
BH – No passado você esteve em uma banda chamada Dona Laura Vai às Compras? Isso foi antes do nome Capital Inicial. É um nome meio difícil para uma banda, concorda?
Capital Inicial com Heloisa nos vocais |
BH – E de quem foi a ideia do nome Capital Inicial?
FL – Na época a gente era muito duro, não trabalhávamos, vivíamos de mesada, éramos recém entrados na faculdade. A gente queria investir, comprar equipamentos, amplificadores, microfones, caixas de som e a gente falava que precisava de um capital inicial. Um dia a Maria Inez Laurent, minha namorada, mãe da minha primeira filha falou: “pô, por que vocês não se chamam Capital Inicial?”. A gente ouviu, mas achou horrível. Lembro que, particularmente, eu não gostei e até falei: “O quê? A gente vai se chamar dinheiro? Que horrível!”. Mas o engraçado é que passadas uma ou duas semanas, aquele nome ficava soando na cabeça. Aí ficou. Hahaha.
BH – Outra curiosidade a respeito da banda diz que a letra inicial de “Música Urbana” falava em comer pastel na rodoviária. Procede?
FL – Na primeira versão de “Música Urbana”, a letra dizia: “Fui até a rodoviária comer pastel. As ruas têm cheiro de gasolina e óleo diesel”. Foi o Dinho Ouro Preto que escolheu essa música para entrar no nosso repertório. Mérito dele. Ele procurou o Renato (Russo), para escrever os outros versos: o “Tudo errado, mas tudo bem”. Isso não fazia parte da letra, quando cantava o Renato repetia o primeiro verso. O Dinho achou que isso não tinha nada a ver (“comer pastel na rodoviária”) e tirou essa parte da letra.
Pastelaria Viçosa, Rodoviária de Brasília |
FL – Hahaha. Eu adoro o pastel da Viçosa. Meu filho de 8 anos adora Brasília e o programa que ele mais gosta é ir na rodoviária, não para comer pastel, mas para ir na banca de gibis antigos, procurar coisas da Turma da Mônica.
BH – Leva ele na Kingdom Comics no Conic.
FL – Isso, vou fazer a turnê completa: rodoviária e Conic.
BH – Quando você vem a Brasília e tem um tempo livre, qual é o programa que mais gosta de fazer na cidade?
FL – Meu hobby é velejar de windsurf. Em Brasília, velejo de laser. Faço isso desde que era criança. Fiz aulas no (clube) Minas Brasília.
BH – Você continua ouvindo música, está sempre ligado em novidades?
BH – Gosta de Bossa Nova?
FL – Gosto, mas não sou um aficionado. Gosto do samba-rock, a música brasileira dos anos 60 e 70. Esse som é extraordinário. Gosto de Hyldon, Cassiano; (Jorge) Ben Jor do início, Tim Maia. Passei a pesquisar muita coisa dessa área.
BH – Você usa vinil na sua discotecagem?
Fê Lemos, o homem das carrapetas |
BH – Enfim, sua matéria-prima de trabalho é a música.
FL – Minha coleção de CDs está toda ripada. Acho que dá uns 90 dias tocando sem repetir.
BH – Ouvi falar que você gosta do disco “Rua 47”, do Capital, lançado em 1995, com o Murilo Lima nos vocais. Esse disco tem uma pegada rock mais pesada. E sempre foi difícil de achar por aí.
FL – Esse foi um disco muito importante na carreira do Capital. Foi produzido por nós mesmos, em parceria com o Guilherme Canais, o engenheiro de som. Nesse eu sou autor de nove das onze letras. Nesse, o Flávio Lemos compôs músicas incríveis, como “Soltem os Leões”, “A Lei da Metralhadora”. O Loro Jones estava em uma das épocas mais inspiradas como guitarrista. E teve a participação do incrível Murilo Lima, que escreveu as melodias. É um disco visceral, grunge.
BH – Vi vocês tocando músicas desse disco em um show em frente ao Congresso Nacional, em 1995.
FL – Sim, tocamos com o Murilo Lima nesse show. Lembro que teve Plebe Rude e uns caras chamados Chico Science & Nação Zumbi. Foi a primeira vez que eu vi o Chico Science; já tinha ouvido falar deles, mas naquela vez foi especial. Eu estava no camarim, mas disse: “vou lá fora dar uma olhada”. Cara, quando vi aquilo, fiquei arrepiado. Aquilo foi foda. Para mim, eu estava vendo o futuro do rock brasileiro. E era. Pena que teve essa morte trágica. Nunca esqueci desse show na rampa do Congresso, em parte por causa do impacto que foi ter visto pela primeira vez o Chico Science.
BH – O primeiro disco ao vivo do Capital Inicial também é com o Murilo.
FL – A gente tentou muito com o Murilo. Fizemos com ele esse disco extraordinário, que é o “Rua 47”, um disco pesado, amargo, sofrido. Minha filha diz que quando começa a achar o pai um bunda-mole, ela coloca esse disco para tocar. Aí ela muda e diz: “Não. Meu pai arrebenta!”. Nesse disco, a gente tocou com uma vontade, uma garra incomum. A gente tava com umas coisas represadas há muitos anos. Talvez até pelas dificuldades que a gente teve, época em que o Bozzo Barreti entrou para a banda. Dificuldade de encontrar um novo estilo em meio àquela massa sonora que vinha dos teclados. A gente tava procurando se adaptar, tínhamos saído da história do punk rock. O Capital é essencialmente uma banda pós-punk. Éramos músicos limitados. O Bozzo era um maestro, o cara dominava os instrumentos. Foi uma época muito rica, com um confronto de ideias. Foi isso que gerou os melhores discos do Capital Inicial nos anos 80. Nos anos 90, fizemos esses dois discos sensacionais com o Murilo. Discos viscerais. Ali era uma banda de rock tocando sem dó nem piedade, sem preocupação com o mercado, com produtores, com prima-donas.
BH – É difícil achar esses discos, o “Rua 47” e o primeiro ao vivo.
FL – Viraram preciosidades, raridades. Nos sebos, você paga até R$ 500 por um exemplar. Ando conversando com o Loro, para a gente relançar o “Rua 47”. Mas não é fácil.
BH – Tomara. Obrigado pela conversa e pelo seu tempo. Vida longa. Não deixe de tocar rock. Eletrônica é importante, mas o rock é o tal.
FL – Hahaha. A gente nasce no rock e morre com ele.
This man rocks |
Hotel Básico - Funk do Bafômetro