terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ongaku


Falar de um show musical que já rolou é meio chato. As palavras jamais conseguirão contar com exatidão e detalhes como foi, como as notas ecoaram no ar, como os instrumentos foram executados e que emoção e comoção a música provocou em corações e mentes que testemunharam determinada apresentação.

Em síntese, quem foi, foi. Quem perdeu, que corra atrás ou aguarde uma próxima oportunidade, que pode durar dias, meses, anos de espera. Ou, nevermore, como diz o Edgar Allan Poe.

De qualquer modo, no contexto dos 120 anos de amizade Japão-Brasil, a embaixada do Japão trouxe ao país o grupo de jazz nipônico do pianista Makoto Kuriya. O Makoto Kuriya Creative Jazz Ensemble Japan passou por São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba e Brasília, onde nesta cidade, no teatro da Caixa Cultural, nos mostrou um certo jazz com toques da terra do sol nascente.

Formado por Makoto Kuriya (piano), Gennoshin Yasui (percussão), Koichi Osamu (baixo), Hidenobu Otsuki (bateria) e Jiro Yoshida (guitarra e violão), o grupo teve em palco a companhia muito especial da cantora Mônica Salmaso e do saxofonista/flautista Teco Cardoso.

Com toda essa rapaziada tocando junto, o som só poderia ser uma fusão de estilos, tendo o jazz como fio condutor. Interessante como, ao piano, Makoto Kuriya imprime a sonoridade da delicada música tradicional do Japão, seja em improvisos típicos do jazz ocidental ou quando se aventura pelos caminhos da música popular brasileira.

Mônica Salmaso: blue notes
Aí que entra Mônica Salmaso, mestra das blue notes. A cantora nunca escondeu verve jazzística, e talvez melhor represente o segmento de cantoras que misturam o samba e a tradicional música popular brasileira (MPB) com o swing do jazz. Suas belas vocalises fazem com que seja um instrumento a mais no palco. “De Frente Pro Crime” (João Bosco e Aldir Blanc) e “Berimbau” (Baden Powell e Vinicius de Moraes) valeram a noite.

Menção honrosa ao percussionista Gennoshin Yasui. Utilizando um sampler e uma parafernália de instrumentos de percussão, com destaque para o pandeiro, o japa mostrou entusiasmo incansável e uma usina de ideias sonoras. Aliás, esse parece ser o grande lance do Makoto Kuriya Creative Jazz Ensemble Japan: uma música de grande inventividade, capaz de causar surpresa e admiração em quem a escuta.
Makoto Kuriya, grande jazz made in Japan
Perdeu? Última chance, só no Rio de Janeiro, dias 27 e 28 de agosto, na Cidade das Artes.

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