Melhor falar disso agora, rápido, enquanto ainda está fresco na memória e o manto do silêncio ainda não cobriu a vontade de dizer algo.
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Chris Lowe e Neil Tennant: Pet Shop Boys |
Pet Shop Boys, a dupla synthpop formada pelos britânicos Neil Tennant e Chris Lowe, passou por Brasília, em 17 de setembro de 2017, a segunda vez em oito anos. Desta vez, aproveitando a presença no festival Rock In Rio 2017, a dupla esticou a permanência em solo brasileiro e dá o
rolê por algumas cidades, a capital incluída no roteiro. Nada como ter de volta senhores da canção, especialistas em encanto musical.
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Neil |
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Chris |
São essas algumas impressões. Passa o tempo, os rostos e os corpos já não têm mais a jovialidade de antes, no palco e na plateia, com as exceções neste e naquela. Tennant e Lowe,
middle aged boys, na verdade,
pop kids, estão novamente em cena com entretenimento musical altamente profissional.
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Pet Shop Boys, Rock in Rio, 15/09/2017 |
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PSB, RiR, 15/09/2017. Foto: Andy Crookston |
Em apresentação levemente diferente daquela vista no Rock In Rio dois dias antes, o PSB retornou com roteiro (
setlist, caso você prefira) digno de nota: quatro músicas de Super, álbum mais recente, de 2016: Inner Sanctum, The Pop Kids, Burn e The Dictator Decides, perfeitamente perfiladas com sucessos marcantes que apareceram ao longo da bem sucedida carreira, como Opportunities (Let’s Make Lots of Money) (a primeira do show, dentre as mais conhecidas, forjadas sobretudo nos anos 1980); West End Girls; Love Comes Quickly; It’s a Sin, e Left To My Own Devices.
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Neil e Christina, vocalista de apoio |
Se esse texto fosse conciso, parava por aqui, porque o som e as imagens dos Pet Shop Boys falam por si só. O público sempre quer as mais legais, os sucessos que grudaram na memória, daí que um show só com inéditas fica difícil nesse tipo de turnê e nem os PSB seriam loucos de fazer tal coisa. Afinal, sabem do impacto de canções como Go West (excelente cover de Village People); New York City Boy; Domino Dancing, e Always On My Mind, matadora versão de clássico de Elvis Presley, que encerrou o show.
Falando das que não foram, Tennant e Lowe desta vez deixaram de fora Suburbia (Top Ten na Inglaterra, em 1986); What Have I Done To Deserve This? (Top Ten, em 1987); Heart (single número um, nas paradas de 1988); So Hard (number 4, em 1990); o medley U2/Frankie Valli/The Four Seasons Where The Streets Have No Name/Can’t Take My Eyes Off You; além de outras igualmente queridas, como Being Boring, e Can You Forgive Her?
Mas não se deve chorar sobre o som derramado e sim aceitar o que foi oferecido, embora tenha-se pago caro pelo ingresso, o que, no fundo, não tem nada a ver com nada. Pet Shop Boys não são saudosistas, como alguns devem pensar e rotular como banda, artistas dos anos 1980, portanto identificados com a época e só.
O que vimos em cena foram artistas modernos, conscientes do tempo, que fazem o uso esmerado da tecnologia eletrônica,
sound and vision impactantes. Assim, a música, o som e a cenografia estão em pleno acordo, a serviço do entretenimento do mais alto nível.
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PSB early days |
Se permitem a divagação, naquele início dos anos 1980, a música pop vivia transformação intensa de padrões proporcionada pela miniaturização de componentes eletrônicos e portabilidade dos sintetizadores e aparatos eletrônicos. Lembram que o Emerson, Lake & Palmer e outros dinos do rock progressivo levavam toneladas de equipamentos nas turnês?
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Moog System 35 |
Sintetizadores analógicos, tipo Moog modulares, pareciam naves espaciais. Pois é. No início da década de 1980, os teclados ficaram portáteis e o espírito punk, que havia detonado o lema Faça Você Mesmo (Do It Yourself) foi aplicado com esperteza pela indústria musical. Os discos começaram a ser gravados em formato digital, dispensaram-se orquestras, as guitarras ficaram limpas de distorção, o timbre sonoro tomou outra dimensão, as baterias eletrônicas se tornaram onipresentes, que o digam todos aqueles que um dia foram chamados de New Wave.
Os Pet Shop Boys são o capítulo seguinte. Em seu tempo, a música pop sintética já não era novidade, mas Neil Tennant e Chris Lowe, como alguns de seus pares da época (Depeche Mode, OMD, Human League, ABC, Gary Numan um pouco antes), uniram a tradição da boa e velha canção britânica com a inovação dos sons eletrônicos. Ganhamos nós, que incorporamos suas canções e as usamos como trilha sonora de momentos marcantes de nossas vidas.
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Pet Shop Boys em Brasília, 2009 |
Pet Shop Boys voltaram à cidade, para lembrar em suas mensagens que as mais simples (mas não por isso pueris ou vulgares) filosofias se aplicam na vida das pessoas comuns: que o amor chega de repente; que juntos seguimos o caminho, mesmo que em ruas sem nome; que não é preciso dirigir o carrão para ir longe; que qualquer um é um New York City boy, na Sétima Avenida com a Broadway; que a paixão cai dia a dia feito dominó....
Se a vida é I love you/ Come outside and feel the morning sun. É esse tipo de filosofia embutida na canção de que tanto precisamos. Thank you Neil and Chris.
Obrigado, Net Live Brasília por algumas fotos.
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