João Bosco e Hamilton de Holanda mandando ver Linha de Passe. Difícil ficar indiferente ao talento, à sintonia e à sincronia da dupla. A canção de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, por si só, já é algo irresistível, desde que apareceu pela primeira vez no disco Linha de Passe, de 1979.
"Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu/ Rabada com angu, rabo-de-saia/ Naco de peru, lombo de porco com tutu/ E bolo de fubá, barriga d'água/ Há um diz que tem e no balaio tem também/ Um som bordão bordando o som, dedão, violação". Esses versos de canto nagô, iorubá e o escambau, parecem uma parlenda, um legítimo trava-língua brasileiro, de fazer a alegria dos fonoaudiólogos que ganham a vida nessas terras.
Mas observem que aparentemente alguém publicou o vídeo em 2008, o que demonstra que não é de hoje que os dois se encontram nos bailes da vida. Pois agora, com o bandolinista em vasta cabeleira, João Bosco e Hamilton de Holanda se encontram em Brasília, para série de shows no teatro da Caixa. Os ingressos do espetáculo intitulado "Eu Vou Pro Samba" estão esgotados, como de costume naquele espaço, mas fica aqui o registro deste raro encontro de talentos, aqui nesta capital.
Os dois afirmando entre cordas que a cultura brasileira é algo sólido, superior, o oposto desses tempos de má brasilidade que nos sufoca, subjuga e humilha. Quanto ao título, um tiro ao alvo: tá feliz ou tá triste? Corre pro samba. Tudo se resolve.
Os dois afirmando entre cordas que a cultura brasileira é algo sólido, superior, o oposto desses tempos de má brasilidade que nos sufoca, subjuga e humilha. Quanto ao título, um tiro ao alvo: tá feliz ou tá triste? Corre pro samba. Tudo se resolve.
João Bosco, um dos mais queridos e respeitados cantores/compositores da MPB, e Hamilton de Holanda , o reinventor do bandolim, são capa da revista Roteiro Brasilia, edição de junho de 2017. O autor deste blog assina matéria sobre o encontro, sendo destaque a mini-entrevista feita com os músicos. Em Brasília ou qualquer outra latitude, João Bosco e Hamilton de Holanda, juntos ou separados, provas pétreas de que a música é nossa voz mais eloquente.